quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Gruta


A Gruta:
Preso                                                                                                         Sozinho
                            Perdido
Edgar encontrava-se no meio da gigantesca floresta que se localizava ao norte do castelo onde seu pai servia, contudo, não tinha a menor noção de onde estava e, naquele momento, desejava como nunca desejara antes ter seguido as ordens de seus pais e ter ficado longe daquela maldita floresta que eles diziam ser amaldiçoada.
Dois dias já haviam se passado desde que entrara naquele inferno, agora esses dois dias pareciam se tornar anos.
Até ali, conseguira algumas frutas que havia encontrado em árvores e arbustos, mas sentia vontade de algo mais palpável. Tinha quase certeza de que vira um coelho por entre as árvores e pegou-se imaginando o gosto da carne macia tocando sua língua e descendo suavemente por sua garganta.
Por fim, andava. Dia e noite, andava. Já não havia passado por aquela pedra?
Sussurros.
Já havia escutando aqueles sussurros no final de seu primeiro dia ali, mas agora sentia que estavam ficando mais fortes, mais constantes. De onde vinham? Não sabia. Quem sussurrava? Não sabia. O quê falavam? Não sabia.
Não sabia. Não sabia. Não sabia.
Passos?
Passos!
Ouvia folhas secas sendo pisadas à distância.
De onde vêm?
Esquerda?
Direita?
Esquerda!
Correu.
Gritou.
Tropeçou.
Rolava.
Galhos, folhas, pedras, Tronco.
Um zumbido ecoava em sua cabeça e o braço havia entortado para baixo, provavelmente quebrado, mas Deus! Como a cabeça doía!
Levantou.
Olhou.
Uma... Gruta?
Sim, uma gruta com um pedaço de madeira com formato parecido com o de uma porta podia ser vista à distância por entre as árvores retorcidas.
Procurou palavras, mas só encontrou grunhidos.
Resolveu entrar.
A gruta encontrava-se escura, com exceção de duas velas, que projetavam círculos de luz em potes e pedras apoiados prateleiras mal construídas.
Novamente, procurou palavras, mas estas novamente recusaram-se a servi-lo.
-Quem és tu? – A voz cavernosa fez com que se virasse rapidamente com um pulo.
Tentou responder, mas só conseguiu articular poucos grunhidos.
- Quem és tu, filho de Belzebu? Cansaste de me perseguir? Cansaste de entrar em minha cabeça com suas vozes malditas e agora aparece a mim? – Gritava o velho barbudo em seus trapos – Quem és tu? Responde-me, eu te suplico! Se és real, diga! Leva-me dessa prisão! Leva-me, por Deus!
Afastou-se, pronto para correr para bem longe dali.
- Não! Volta! Fica! Não me deixes aqui!
Correu.
Formas passavam rapidamente por seus olhos enquanto o vento zumbia em seus ouvidos junto com os gritos daquela aparição.
Correu.
Correu mais.
Correu mais ainda e...
Tronco.
Levantou-se.
Olhou.
Sonho?
Nem sinal da gruta.
Sussurros.
Passos?
Preso                                                                                                         Sozinho
                                                                                            Perdido

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