quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Balada de Um Menino Sem Ritmo

 CTAC II
“ Que é isso?” Ela pegunta. “Nada”, eu respondo. “Deixa eu ver” Continua. “Acho melhor não”. Ela lê. Diabos, eu disse que era melhor não ler... “Você sabe o que é isso? Isso pode ser uma daquelas coisas que os CSI descobrem na casa do assassino depois dele matar o inocente que passava na frente dele!” Me irritei. Nem sei o que falei, sei que não deve ter sido legal visto que ela começou a gritar mais ainda comigo. Piorou quando meu pai chegou. “Acho que ele deve ter algum tipo de problema” “Talvez tenha mesmo, mas o que vamos fazer?” “Podemos procurar ajuda, seu primo trabalha naquela... Instituição não é?” Não fiquei pra ouvir mais, não sei nem se tranquei a porta, pensando bem...
Agora estou andando por essas ruas, ainda está meio claro, os postes ainda não acenderam. Vou sentar aqui no meio fio um pouco... Por que as pessoas nunca ligam pra mim quando quero que liguem e não conseguem me deixar em paz quando eu quero? Que saco isso. Talvez um “eu” meu numa realidade paralela onde tudo acontece ao contrário seja a pessoa mais feliz do mundo. Ah... Essa realidade deve ser legal... As pessoas falariam comigo, eu teria várias garotas que gostassem de mim e pais que me entendessem. Que coisa, não é...?
Ta esfriando... Minha boca ta soltando fumaça até... Ah... Aonde eu vou agora? Não posso voltar pra casa, mas também não posso ficar aqui... Acho que vou ter que ir pro consultório do doutor Machiavel... Acho que ele não vai estar lá hoje, então não deve ter tanto problema assim eu ficar lá só um pouco.
Bom, acho que agora eu ferrei de vez com tudo, não é?
...
É.
...
Acho que vou acabar em um daqueles Hospícios tipo o de Arkham... Bom, talvez eu encontre o Coringa lá, haha... É, acho que não...
Hm, estranho, a luz ta acesa? Será que o doutor atende na parte da noite também?
Campainha.
“Que você ta fazendo aqui?” A secretária? O doutor ta aqui? “O doutor não atende na parte da noite, vim aqui... só pra... pra... pegar meu casaco.” “Quem é?” Tem mais alguém aí? “É meu namorado, nós íamos sair depois daqui” Posso ficar aqui um pouco? “Pode, só vou chamar o Doutor.”
O Doutor... O todo poderoso doutor que vem salvar o pobre e indefeso jovem das garras do mal, não é?

***
Ele me pergunta o que aconteceu, eu respondo. Ele fala algo do tipo “Não se preocupe, eles não podem fazer isso”. Ele diz que ele tem registros meus... Tudo se resume a esse momento, pessoal, agora é a hora de abrir o jogo, não é? Mas como explicar para sua mãe que você estava vendo um psicólogo sem que ela nem ao menos suspeitasse?
Ele me traz um café. O troço tem gosto de lama, mas é algo quente nesse frio chato. Ele fala que vai pedir para falar com minha mãe e que vai comigo de volta a minha casa. Acho que para ele sou um tipo de cachorro que ele precisa domesticar. Talvez eu seja mesmo.
“Quem é você?” Ela pergunta, ele responde. “Psicólogo? Meu filho não vai a psicólogo nenhum.” “Na verdade eu e seu plano de saúde discordamos de você...” e ele explica. Ela chora. Eu choro. Ele não. Ele fala. Nós escutamos. Ela entende... Isso sim é um milagre. Ele explica que pediu que eu escrevesse aquilo. “Válvula de Escape” ele diz. “Confissões” ela pergunta. “Desabafos” ele responde. “Inofensivos”, completa. Ela se convence, mas não muito. Mas se convence.
Tudo se acerta em termos. Continuo visitando ele para as consultas, mas agora ela virá em algumas.














Tudo






Se





Acerta.

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